Teatro na Idade Média:
1- O drama litúrgico dos séculos XI e XIII d C.
Dentro da Igreja – composição de coro;
2- Os jogos (século XIII) eram semi-litúrgicos e aconteciam nos Adros (fora da Igreja). Pequenas composições que tinham sempre uma moral da história: Jogo de São Nicolau, Jogo de Adão;
3- Os Milagres (século XIII-XIV). Assuntos misturam Escrituras com lendas populares, sempre compostas por histórias fantásticas;
4- Os Mistérios (século XV e XVI)
- Adros / espaços da cidade
- Estátuas em pedra [grandes catedrais]
- Vitrais
- Encenações.
Os espetáculos aconteciam ao longo de 25/30 dias. Contava a história de Cristo à exaustão. E, ou, se encenava todos os detalhes da vida dos Santos.
Quando o teatro litúrgico sai da Igreja, o teatro profano de rua começa a “contaminar” os dramas litúrgicos. Aos poucos, a “leitura teatral das obras cristãs começa a se transformar.
A IGREJA VAI CEDENDO A VONTADE POPULAR.
O teatro é uma linguagem cultural, visa os anseios da sociedade medieval.
Bufão: Clown - manifestações populares que surgem na Idade Média. O Circo e o teatro popular [andarilhos, mambembes]. O circo se cobre numa lona, se estrutura: o mágico, o domador de animais, o saltimbanco, apresentações bizarras [deformações físicas, etc.]
Textos: - O Jogo de São Nicolau,
Jean Bodel (1º dramaturgo medieval);
- A farsa do mestre Pathelin.
Autor desconhecido.
Há dois meios de representação:
Ø O imediato
Ø E o oculto [subjetivo]
O que se apresenta e o que se representa.
O profissional ganha cada vez mais espaço, em relação ao sacro
O ator mambembe e todas as possibilidades transgressoras se completaram na hora do circo.
O que sobrou da comédia antiga e nova é muito pouco para a provável quantidade de produção da época
Comédia Antiga: Aristófanes:
Comédia Média: As duas últimas peças de Aristófanes;
Comédia Nova: Menandro;
Comédia Latina: Plauto e Terêncio.
A parábase é o elemento épico por excelência
Dupla enunciação: quando dois atores estão representando a figura do narrador.
Enunciado : pode ter sido escrito em qualquer época. Coisas que o autor do enunciado preparou para ser dito ao público.
Enunciação : Ato de dizer o enunciado. O ato de tornar o enunciado atual.
Gêneros literários - Aristóteles
Dramático: ação (pura é aquela protegida pela quarta parede);
Narrativo: narração:
Épico: narração + uma lição ou comentário/dramático.
Unidades – Aristóteles
Ação, Tempo e Lugar.
TEATRO NA IDADE MÉDIA
A Europa medieval do século V ao século X foi estéril no que se refere a uma dramaturgia significativa. Enquanto a Europa estava fragmentada em pequenas comunidades nas quais os homens levavam existências incertas, os teatros romanos foram abandonados a decadência e, aparentemente, a igreja conseguira suplantar por completo o templo de Dioniso.
Porém, embora isso fosse verdade em relação ao texto dramático, mesmo os primórdios da Idade Média viveu às voltas com atividades teatrais e semi-teatrais. Além das companhias itinerantes de mimos e acrobatas que haviam sobrevivido a queda do império romano, no campo havia os semi-convertidos e os pagãos que executavam magias agrícolas tratando da morte e da ressurreição da vegetação.
Incapaz de destruir estes vestígios de paganismo, a Igreja os associou aos festivais do Natal e da Páscoa, das danças e das peças de São Jorge, que sobreviveram até nos nossos dias. Na verdade São Jorge e seu dragão, Papai Noel (São Nicolau) e outros, eram personagens demasiado próximos da fantasia infantil e do pensamento mágico, para que pudessem ser facilmente esquecidos.
Os poetas incorporam elementos dramáticos em seus recitativos. Os Menestréis declamam poemas com pantomima adequada, e surgem outros romances dramatizados como Aucassino e Nicoleta, várias baladas primitivas estão carregadas de dramas e são dramáticas na sua estrutura, posto que narram a história através do diálogo e observam a progressão dramática. Baladas como Hobin Hood, chegam a formar pequenas peças nas quais o romântico bandoleiro desafia os normandos conquistadores da Inglaterra. As justas, As execuções públicas, as procissões civis e religiosas, os titereiros (bonequeiros), os jograis e os acrobatas, contribuem com a cor e a excitação coletiva do teatro, sem cristianizá-las e, sem torná-las peças dramatúrgicas.
Entretanto é a Igreja que vai fornecer a maior porção de fermento ao drama nascente. De início, os clérigos desprezavam o teatro popular e se satisfizeram com os pequenos esforços dos monastérios, onde o estudo clássico não fora totalmente destruído. Esses clérigos tinham familiaridade com comédias refinadas, segundo os modelos das comédias de Terêncio e chegavam a representá-las dentro dos mosteiros.
O ritual da Igreja girava em torno da morte e ressurreição de Jesus. Todo credo e a literatura da cristandade compunham um só grande drama: A glorificação da fé, a chegada do senhor, a glória dos santos e o último e eterno dia do julgamento.
Porém o drama cristão surgiu, inevitavelmente, como resposta a um problema prático: como levar aquela religião a um povo iletrado, incapaz de entender o que estava escrito e o que era dito na missa?
Na impossibilidade de traduzir para uma linguagem mais acessível os escritos sagrados, os sacerdotes começaram a compor quadros vivos dentro das igrejas, que descreviam as passagens mais significativas das palavras bíblicas. Aos poucos se acrescentavam pantomimas simbólicas e a seguir foram criados espaços fixos dentro da própria igreja para a representação dessas passagens. A igreja passou a ter uma área para o coro e os espetáculos se tornaram cada vez mais elaborados. As representações começaram a ganhar diálogos salmodiados precedidos e seguidos por grandes hinos latinos.
Por volta do século IX, o coro já se dividia em dois grupos, os anjos de asas brancas, mantendo a guarda, no sepulcro de cristo, de um lado e, as mulheres, que chegavam à busca do corpo de Cristo, do outro. Os anjos as informavam que Ele não estava lá, mas que ascendera ao céu e, lhes ordenavam anunciar ao mundo que Ele ascendeu do seu sepulcro. As novas eram saldadas com alegria e toda congregação saudava e eclodia com o glorioso Te Deum.
Em breve estavam sendo apresentadas peças curtas, em latim, escritas por sacerdotes, e apresentadas na mesma área do coro, a principio, passando depois, para a própria nave da igreja, já com música especialmente composta para o diálogo. Por volta do século XIII, à evolução do drama estava completa e mesmo a comédia começou a penetrar no teatro eclesiástico; na peça da paixão de Siena, o momento em que Maria Madalena compra cosméticos a um mercador, pode ser considerada uma clássica cena de comédia. As pequenas peças de páscoa evoluíram até se tornarem peças litúrgicas, conhecidas como milagres. Esses milagres resumiam-se basicamente aos episódios da morte e ressurreição de cristo.
As peças sobre santos começaram a ser escritas em conexão com os dias dos santos. O Corpus Christi se tornou o principal ensejo de apresentação do milagre ou dos assim chamados mistérios, bem como das peças sobre a vida dos santos. A conversão de São Paulo, Santa Maria Madalena, São Jorge e São Nicolau são peças, que permanecem dentro dos cânones bíblicos e, que eram constantemente representadas.
A igreja medieval não era de toda unificada. O baixo clero aos poucos se tornava rebeldes aos excessos da igreja, se relacionava com o povo, e participava das festas populares, essa forma da liberação da igreja medieval, contribuiu para inserção de elementos cômicos que, eventualmente ofendiam o Alto-clero. E, conseqüentemente, o teatro acabou saindo de dentro da igreja. Em algumas cidades o teatro foi absorvido pela comunidade. As peças religiosas tornaram-se propriedade da cidade. Os cenários tornaram-se suntuosos e por vezes ocupavam partes inteiras da cidade os elencos eram imensos chegando a ter trezentas pessoas. Por toda a Europa tais espetáculos se repetiam com grande vivacidade.
Os autores dessas peças eram, em alguns casos, mimos ou menestréis profissionais que atuavam juntos com o membro do baixo clero. Não se sabe quem escreveu a maior parte dos mistérios, sabe-se, porém que as peças eram baseadas nos dramas litúrgicos latinos e que, muito provavelmente, foram escritos por sacerdotes. De forma geral eram simples episódios de um drama que podiam prolongar-se por diversos dias.
As paixões ou peças de páscoas foram desenvolvidas por volta do século XIII. E os ciclos completos incluindo tanto as peças de Natal como as peças de Páscoa, atingiram seu apogeu no século XV.
Aos ventos das transformações sociais e políticas, o teatro sofreu uma transformação. Até certo ponto, a Reforma Protestante contribuiu com a preservação dos milagres. Por sua vez, a Contra-Reforma católica, viu nas peças um efetivo instrumento de fé e encorajou sua sobrevivência até os nossos dias.