terça-feira, 11 de março de 2008

O Teatro existe há tanto tempo quanto a humanidade


O Teatro existe há tanto tempo quanto a humanidade. Formas primitivas de representação existem desde os primórdios do homem.
O raio de ação do teatro inclui a pantomima de caça dos povos da idade do gelo e as categorias dramáticas diferenciadas dos tempos modernos. O encanto mágico do teatro reside na capacidade inesgotável de apresentar-se aos olhos do público sem revelar seu segredo pessoal. O xamã é o portador do deus, o dançarino mascarado que afasta os demônios, o ator que traz à vida a obra do poeta.
O teatro nasce como um sonho delirante dos deuses; utilitário num esforço humano para angariar benesses divinas, como, por exemplo, ser bem-sucedido na caça. Era um teatro que usava máscaras, figurinos, acessórios externos, mas eram basicamente rituais alegórico-mágicos. O palco primitivo era uma arena de terra batida, com algum totem no centro, como num altar.
Assim surge o teatro ocidental, das danças rituais em homenagem ao deus Dioniso em torno da Acrópole. As procissões no templo de Osíris, no Egito também eram rituais repletos de elementos teatrais.
À medida que as sociedades tribais foram se tornando cada vez mais organizadas, uma espécie de atuação profissional se desenvolveu entre as sociedades primitivas.
Um dos mais antigos mistérios da Mesopotâmia trata-se de uma lenda ritual do “matrimônio sagrado” – a união de um deus a um homem. Nos templos da Suméria, encantamento e música converteram a tradicional representação do banquete para o par divino e humano num drama grande religioso em que o rei casava com a grã-sacerdotisa. Do segundo milênio em diante, esse casamento sagrado foi, certamente celebrado, uma vez por ano, nos maiores templos do império sumeriano.
Na Mesopotâmia, ainda, artistas de ambos os sexos, músicos e artistas plásticos eram investidos de uma significação mitológica especial. As disputas dos deuses sumérios possuem um caráter definitivamente teatral. Até hoje foram descobertos sete diálogos escritos, compostos durante o período em que a imagem dos deuses sumérios tornou-se humanizada, ou seja, representada; mesmo que não tanto pela aparência externa, mas e, sobretudo, pelas suas supostas emoções. Este passa a ser um critério crucial numa civilização: a bifurcação na estrada de onde se ramifica o caminho para o teatro – pois o drama se desenvolve a partir do conflito simbolizado na idéia dos deuses, transposta para a psicologia humana.
Em forma e conteúdo, os diálogos sumérios consistem na apresentação de cada personagem, a seu turno, exaltando seus próprios feitos e subestimando os dos outros.
A história do teatro europeu começa aos pés da Acrópole, em Atenas. A Ática é o berço de uma forma de arte dramática cujos valores estéticos e criativos não perderam seu valor até hoje. Suas origens estão nos rituais de sacrifício, dança e culto. Para a Grécia homérica isso significava os sagrados festivais em homenagem ao deus Dioniso, deus do vinho, da colheita, da procriação e da vida exuberantes. Seu séqüito era formado por Sileno, sátiros e bacantes. As orgias honravam os deuses e os cantos eram feitos pelos ditirambos.
Quando os rituais dionisíacos se desenvolveram a tal ponto que originaram a tragédia e a comédia, Dioniso tornou-se também o deus do Teatro.

GLOSSÁRIO:
ACRÓPOLE: A parte mais elevada das antigas cidades gregas, que comportava a cidadela e, eventualmente, santuários;
DITIRAMBO: Canto coral de caráter apaixonado (alegre ou sombrio), constituído de uma parte narrativa, recitada pelo cantor principal, ou corifeu, e de outra propriamente coral, executada por personagens vestidos de faunos e sátiros, considerados companheiros do deus Dioniso, em honra do qual se prestava uma homenagem ritualística.