O teórico de teatro, Peter Szondi afirma que Diderot faz da "tragedie domestique et bourgeoise" (tragédia burguesa doméstica) a exposição e a defesa da pequena família burguesa e sentimental como utopia real, em cujo isolamento burguês, desprovido de direitos, pode esquecer sua impotência na monarquia absoluta e, apesar de tudo, certificar a impressão de que a natureza humana é boa. Na construção desta "utopia real" vai ser fundamental o conceito de virtude, presente na base de dramaturgia de Diderot e de outros autores deste mesmo período.
Diderot, ao substituir a cláusula dos estados que caracterizaria a tragédia, cria o drama burguês. Drama que se opõe à cláusula, na medida em que não está mais preocupada com a origem principesca dos heróis e, sim, que buscava saber o quanto estas personagens estavam impregnadas de sentimentos que fossem verdadeiros, autênticos.
Diderot acaba desenvolvendo o conceito de sentimentalidade, no qual a tragédia se torna drama quando vai arrefecer, apaziguar o conflito de classes e vai, mesmo, unir pessoas diferentes, de classes diferentes. A família pequeno-burguesa, passa a reprimir o conflito de forma "lacrimal", donde decorre outro conceito que é o do "brilho das lágrimas" em contraposição ao luxo e a pompa, habituais na nobreza.
Outro conceito de Diderot diz respeito a um "tableu de sentimentos" que moveria os homens em busca da verdade. E, em nome dessa verdade, o drama cria uma espécie de contensão, que, por sua vez, alimenta e é alimentada por um ideal de civilidade burguesa. "A família burguesa não ousa decidir seus conflitos, senão reprimí-los em lágrimas de contensão e lamento". (DIDEROT, Denis. O paradoxo do comediante. Coleção Os pensadores. 1977)
O que Diderot está propondo é criar um espaço da "Verdade". E seu interesse segue nese sentido, ao dizer que o mundo da bela e virtuosa é, somente, um mundo onde os homens gostariam viver; o mundo verdadeiro está longe disso. Diderot pretende, com seu drama burguês criar a celebração da bondade e da virtude humanos. Virtude que se encontra no centro do estilo sentimentalista françês de meados do século XVIII. Probidade, sinceridade, lealdade e diligência, cânones da virtude protestante fazem parte tanto do domínio privado quanto do público. Ao praticá-lo, o burguês chega a riqueza; ao chegar a riqueza, ele, consequentemente, chega ao poder.
A diferença que parece crucial no modelo de virtude difundido na França de Diderot é que, na França do "Antigo Regime" essa virtude burguesa, que na Inglaterra é pública e meio de expansão social, é, exatamente o seu contrário, ou seja, torna-se algo privado, com o que o burguês se consola fugindo das intrigas e dos males do mundo, entre quatro paredes.
Diderot, ao substituir a cláusula dos estados que caracterizaria a tragédia, cria o drama burguês. Drama que se opõe à cláusula, na medida em que não está mais preocupada com a origem principesca dos heróis e, sim, que buscava saber o quanto estas personagens estavam impregnadas de sentimentos que fossem verdadeiros, autênticos.
Diderot acaba desenvolvendo o conceito de sentimentalidade, no qual a tragédia se torna drama quando vai arrefecer, apaziguar o conflito de classes e vai, mesmo, unir pessoas diferentes, de classes diferentes. A família pequeno-burguesa, passa a reprimir o conflito de forma "lacrimal", donde decorre outro conceito que é o do "brilho das lágrimas" em contraposição ao luxo e a pompa, habituais na nobreza.
Outro conceito de Diderot diz respeito a um "tableu de sentimentos" que moveria os homens em busca da verdade. E, em nome dessa verdade, o drama cria uma espécie de contensão, que, por sua vez, alimenta e é alimentada por um ideal de civilidade burguesa. "A família burguesa não ousa decidir seus conflitos, senão reprimí-los em lágrimas de contensão e lamento". (DIDEROT, Denis. O paradoxo do comediante. Coleção Os pensadores. 1977)
O que Diderot está propondo é criar um espaço da "Verdade". E seu interesse segue nese sentido, ao dizer que o mundo da bela e virtuosa é, somente, um mundo onde os homens gostariam viver; o mundo verdadeiro está longe disso. Diderot pretende, com seu drama burguês criar a celebração da bondade e da virtude humanos. Virtude que se encontra no centro do estilo sentimentalista françês de meados do século XVIII. Probidade, sinceridade, lealdade e diligência, cânones da virtude protestante fazem parte tanto do domínio privado quanto do público. Ao praticá-lo, o burguês chega a riqueza; ao chegar a riqueza, ele, consequentemente, chega ao poder.
A diferença que parece crucial no modelo de virtude difundido na França de Diderot é que, na França do "Antigo Regime" essa virtude burguesa, que na Inglaterra é pública e meio de expansão social, é, exatamente o seu contrário, ou seja, torna-se algo privado, com o que o burguês se consola fugindo das intrigas e dos males do mundo, entre quatro paredes.
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